Por
Jânsen
Leiros Jr.
Jó 1:6-12
E satanás se apresenta a Deus entre seus
filhos... Como assim?
Presente
no prólogo como uma espécie de explicação antecipada da natureza do sofrimento
que Jó experimentará em breve, essa é, seguramente, uma das mais intrigantes e questionadas
cenas bíblicas. O que satanás estava
fazendo no céu? E para piorar, entre os
filhos de Deus? Esta é uma pergunta que os alunos me fazem em quase todo
início de estudos em Jó. Todavia, muito mais interessante do que a pergunta, são
as teorias que elaboram ou tomam emprestadas, quando devolvo a questão à
classe, incentivando que esbocem eles mesmos hipóteses plausíveis.
É
claro que a presença de Satanás entre os
filhos de Deus é um aspecto inquietante, que incitou diversas
interpretações e teorias ao longo da história, e, obviamente, ainda incita. E é
por isso que aqui precisaremos realizar um rápido mas necessário aprofundamento
da questão, pois entendo que aquilo que concluirmos a respeito dessa intrigante
questão, nos auxiliará bastante na compreensão do propósito primordial do
livro.
Ampliando hipóteses
Para
esse aprofundamento, um olhar multidisciplinar se faz necessário, para percebermos
a variedade de ilações e teorias propostas, não apenas por teólogos, mas também
por filósofos, sociólogos, historiadores e arqueólogos, que se debruçaram ou não
sobre a presença de Satanás entre os filhos de Deus na narrativa de Jó, mas
que, porém, sempre se ocupam em avaliar a dualidade concomitante do bem e do
mal no cotidiano da vida humana. Esses olhares adjacentes poderão ampliar nosso
campo de observação, melhorando nossa assertividade sobre a questão.
Interpretação
Psicológica
Alguns
psicólogos e estudiosos da mente humana sugerem que a figura de Satanás pode
ser uma projeção dos medos e desafios internos de Jó. Nessa perspectiva, a
presença de Satanás entre os filhos de Deus representaria os conflitos internos
e as tentações que Jó enfrenta em sua jornada[1].
Satanás seria uma espécie de ameaça à manutenção dos ciclos de boas obras-recompensas, comum na crença à
época.
Essa
interpretação acerta ao pontuar a questão retributiva como pertinente ao conteúdo
do livro. É essa, inclusive, a mecânica crida pelos amigos de Jó, como a forma
de condução divina. Porém, ao categorizar Satanás como uma possível construção
mental de Jó, esquece que o personagem não está presente na cena em questão,
sendo muito mais uma circunstância que o atingirá, do que uma condição sobre a
qual racionalizará diante dos fatos que o levarão ao sofrimento.
Interpretação
Sociológica
Sociólogos
e antropólogos podem abordar essa passagem como uma reflexão sobre as
estruturas de poder e autoridade na sociedade humana. A presença de Satanás
entre os filhos de Deus pode ser interpretada como uma metáfora para as forças
malignas que permeiam as estruturas sociais e religiosas, desafiando a ordem
estabelecida[2].
Outra
abordagem bastante interessante, com generosas pitadas de atualidade. Ou não é
verdade que o que não nos tem faltado ultimamente são lobos em peles de cordeiros? Porém, e de novo, a narrativa exclui Jó
da cena em que Deus e satanás conversam; ele não a presenciou. O que significa
que Jó não teria como empreender racionalização dos fatos que antecedem sua
tragédia. Além disso, uma eventual metáfora de forças malignas infiltradas, conduziria Jó a um entendimento de que
seu sofrimento parte de um descuido de Deus, em deixar que um ser maligno se imiscuísse
em seus planos, prejudicando a perfeição de sua providência. O que logo após as
tragédias, podemos perceber que não foi o pensamento de Jó. Deus deu, Deus tirou. Para Jó, Deus seguia no controle, apesar dos
infortúnios que lhe abateram.
Interpretação
Histórica
Historiadores
e arqueólogos podem analisar essa passagem à luz do contexto histórico e
cultural em que foi escrita. Eles podem explorar como as crenças sobre seres
espirituais e divindades eram compreendidas na antiguidade, e como essas visões
influenciaram a narrativa de Jó[3].
Talvez
essa seja uma abordagem mais potente em possibilidades, uma vez que a análise
contextual e contemporânea situa, no tempo, o conceito vivenciado por pessoas
de uma determinada época sobre o sagrado e suas interações com a humanidade. E
no capítulo introdutório de Jó, o que no capítulo anterior chamamos de moldura, fica claro que a narrativa se
utiliza da crença vigente sobre tudo aquilo que apresenta, não sendo novidade, nem
para quem escrevia, e nem para quem o ouviria, o fato de que Satanás estaria,
quase que obviamente, entre os filhos de Deus que lhes prestam contas.
Interpretação
Filosófica
Filósofos
podem oferecer uma análise metafísica sobre a presença de Satanás entre os
filhos de Deus. Eles podem explorar questões sobre o livre-arbítrio, o problema
do mal e a natureza da dualidade entre o bem e o mal, buscando entender o papel
de Satanás dentro desse contexto[4].
Essa
é também uma abordagem bastante interessante, se considerarmos o problema do
mal como um tema tratado no livro de Jó, ainda que não o tenha como questão
central da narrativa. Também os amigos de Jó trabalharão hipóteses ligadas a
esta dualidade, o que de alguma forma abre espaço para uma argumentação filosófica
que pode ser significativa. A questão do livre-arbítrio, no entanto, não se
aplicaria aqui de forma alguma, uma vez que aquilo que se abate sobre o
personagem central da narrativa, não é consequência de qualquer atitude ou
escolha sua, seja equivocada ou não. Seu sofrimento não é efeito cuja causa
esteja em Jó, ou lhe seja responsabilidade direta ou indireta.
Interpretação
Teológica Clássica
Muitos
teólogos tradicionais interpretam essa passagem como uma manifestação da
soberania de Deus sobre todas as criaturas, incluindo Satanás. Segundo essa
visão, Satanás comparece perante Deus como parte de uma corte celestial, onde
os seres espirituais prestam contas de suas ações[5].
A
abordagem teológica parte de uma base consistente e pertinente em relação ao
conteúdo da introdução. Colocando o mal como um subordinado de Deus, tanto o leitor
quanto o ouvinte de Jó se deparam com o que poderemos chamar de um salto
definitivo na revelação de Deus ao mundo. Jeová já não é mais um dentre tantos
outros deuses. É como se a compreensão sobre Ele ganhasse em profundidade e
sustentação, pois um dos maiores enigmas universais, se tornava totalmente simples
e claro; o Deus único e soberano está no comando de tudo!
A
cena em que Satanás conversa com o Senhor, nos leva a refletir sobre a
soberania de Deus sobre todo o universo, inclusive sobre seres espirituais, quer
sejam eles bons, quer sejam maus. A presença de Satanás diante de Deus pode ser
vista como parte de um grande plano divino, onde até mesmo o adversário é
submetido à autoridade e ao governo de Deus. O que para muitos, eu entendo,
seja uma compreensão diferente, nova e extremamente desafiadora. Ou seja, a
narrativa do livro de Jó nos mostra, desde o seu início, que Satanás não está
fora do alcance do conhecimento e da providência divina, ainda que apenas e tão
somente como um agente, estando totalmente ao dispor da vontade do Criador.
A
interação entre Deus e Satanás nesse episódio nos leva a considerar a
profundidade da soberania divina e a complexidade das relações entre o bem e o
mal, entre o divino e o maligno, que não se interpõem como inimigos que se
confrontem diametralmente, sendo, contudo, excludentes entre si. Essa passagem
desafia nossa compreensão e nos convida a contemplar a sabedoria e o poder de
Deus, ambos muito além dos limites humanos.
Equilibrando as opiniões
Ora,
o entendimento teológico mais equilibrado e comumente aceito sobre o encontro entre
Deus e Satanás narrado em Jó 1:6-12, portanto, é que o evento se dá em um
contexto evidente de absoluta soberania sobre todas as coisas criadas; todos prestam
contas a Deus. Nesse encontro, Satanás é descrito como vindo entre os filhos de
Deus para apresentar-se diante do Senhor, a quem deve prestar contas de tudo,
sempre. Ele não se manda! Voltaremos a este nó mais adiante.
De
acordo com essa interpretação, Satanás não está presente diante de Deus como um
igual ou como alguém que tem autoridade independente, mas sim como um criado
por Deus e submetido à sua soberania. A presença de Satanás nesta corte
celestial sugere que ele é apenas uma das muitas criaturas que estão submissas
a Deus.
O
Senhor, portanto, tem poder sobre todas as coisas, incluindo Satanás e os
poderes do mal. E embora o diabo aja de forma malévola dispondo-se a desviar homens
do caminho da justiça, ele não está livre do controle ou da autoridade de Deus.
Assim, o encontro entre Deus e Satanás na passagem de Jó é visto como parte do
plano soberano de Deus para exercitar a fé e a fidelidade de Jó, e não como uma
indicação de que Satanás tenha poder ou autoridade em si mesmo sobre o que quer
que seja. Logo, Jó só passou pelo que passou, porque Deus quis. Sua providência sempre esteve no controle. O Senhor sabia. Nós
sabíamos. Somente o provado Jó que não. Mas até isso também era providencial.
[1]
Na psicologia e nos estudos da mente humana, diversas abordagens podem ser
aplicadas para compreender a figura de Satanás como uma projeção dos medos e
desafios internos de Jó. Embora não haja consenso absoluto entre os psicólogos
sobre essa interpretação específica, alguns estudiosos e teóricos têm explorado
temas relacionados à psicologia da religião, à psicanálise e à psicologia do
desenvolvimento para oferecer insights sobre a natureza dessa perspectiva. Aqui
estão alguns exemplos de psicólogos e suas obras que abordam questões
semelhantes:
1.
Sigmund Freud: O fundador da psicanálise,
Sigmund Freud, explorou extensivamente os temas do inconsciente, da sexualidade
e da religião em sua obra. Embora não tenha se concentrado especificamente em
Jó, suas teorias sobre os mecanismos de defesa, o complexo de Édipo e a
interpretação dos sonhos podem oferecer insights sobre como os conflitos
internos podem se manifestar em formas simbólicas, como a figura de Satanás.
2.
Carl Gustav Jung: Jung, outro influente
psicólogo e fundador da psicologia analítica, desenvolveu conceitos como o
inconsciente coletivo, os arquétipos e a individuação. Em sua obra
"Psychology and Religion", Jung discute a natureza dos símbolos
religiosos e sua relevância para a psique humana. Ele poderia oferecer uma
interpretação mais simbólica da presença de Satanás entre os filhos de Deus,
destacando-o como um arquétipo do mal presente na psique de Jó.
3.
Erich Neumann: Neumann, discípulo de
Jung, expandiu as ideias do mestre sobre o inconsciente coletivo e os
arquétipos. Em obras como "The Great Mother" e "Depth Psychology
and a New Ethic", ele explora os temas da religião, mitologia e psicologia
em relação ao desenvolvimento humano e à sociedade. Embora não tenha tratado
especificamente do livro de Jó, suas teorias sobre os complexos e símbolos
podem ser aplicadas para entender a presença de Satanás como uma expressão dos
conflitos internos de Jó.
Esses psicólogos e seus trabalhos oferecem uma
variedade de perspectivas e ferramentas conceituais para analisar a
complexidade da mente humana e sua relação com temas religiosos e espirituais,
incluindo a presença de figuras como Satanás no contexto bíblico.
[2]
Vários sociólogos e antropólogos oferecem interpretações sobre questões
relacionadas ao poder, autoridade e religião, que podem ser aplicadas à
passagem de Jó 1:6-12. Embora nem todos tenham abordado especificamente essa
passagem bíblica, suas teorias e análises sobre estruturas sociais e religiosas
podem oferecer insights relevantes. Aqui estão alguns exemplos de sociólogos e
suas obras que discutem temas semelhantes:
1.
Max Weber: Weber é conhecido por suas
análises sobre a relação entre religião e sociedade. Em sua obra "A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo", ele explora como as crenças
religiosas influenciam o comportamento econômico e social. Embora não tenha
abordado diretamente a figura de Satanás, suas ideias sobre autoridade e poder
na religião podem ser aplicadas para entender a presença de forças malignas
desafiando a ordem estabelecida.
2.
Émile Durkheim: Durkheim é um dos
fundadores da sociologia moderna e estudou extensivamente a relação entre
religião e sociedade em obras como "As Formas Elementares da Vida
Religiosa". Ele argumenta que a religião desempenha um papel fundamental
na coesão social e na manutenção da ordem moral. Sua análise das estruturas
sociais e rituais religiosos pode oferecer uma perspectiva sobre como a presença
de Satanás entre os filhos de Deus reflete as tensões e desafios dentro da
ordem social.
3.
Pierre Bourdieu: Bourdieu é conhecido por
suas teorias sobre poder, capital cultural e reprodução social. Em obras como
"A Distinção" e "Esboço de uma Teoria da Prática", ele
examina como as hierarquias sociais são mantidas e reproduzidas por meio de
práticas culturais e simbólicas. Embora não tenha se concentrado diretamente em
temas religiosos, suas ideias sobre dominação simbólica e lutas de poder podem
ser aplicadas para entender a presença de forças malignas desafiando as
estruturas de autoridade na passagem de Jó.
Esses sociólogos e suas obras oferecem uma variedade
de perspectivas sobre como as estruturas sociais e religiosas podem influenciar
e serem influenciadas por questões de poder, autoridade e moralidade, como
retratado na passagem de Jó 1:6-12.
[3]
Historiadores e arqueólogos frequentemente abordam a interpretação de passagens
bíblicas à luz de seus contextos históricos e culturais. Embora nem todos
tenham se concentrado especificamente na passagem de Jó 1:6-12, suas análises
sobre o mundo antigo podem fornecer insights relevantes. Aqui estão alguns
exemplos de historiadores e arqueólogos e suas respectivas obras que poderiam
contribuir para essa abordagem:
1.
William Foxwell Albright: Albright foi um
arqueólogo e biblista conhecido por suas contribuições para a compreensão do
mundo bíblico por meio de evidências arqueológicas. Em obras como
"Arqueologia e Religião de Israel" e "De Abraão a Paulo",
ele examina como as crenças religiosas e as práticas espirituais eram
percebidas e influenciavam a vida cotidiana nas sociedades antigas do Oriente
Médio.
2.
Karen Armstrong: Armstrong é uma
historiadora das religiões e autora de várias obras sobre o judaísmo,
cristianismo e islamismo. Em livros como "Uma História de Deus" e
"O Grande Relatório", ela explora as origens e evolução das crenças
religiosas ao longo da história, oferecendo insights sobre como as visões de
seres espirituais eram entendidas e interpretadas em diferentes contextos
culturais.
3.
Roland de Vaux: De Vaux foi um arqueólogo
francês e especialista em estudos do Antigo Testamento. Sua obra mais
conhecida, "Instituições de Israel no Antigo Testamento", oferece uma
análise detalhada das instituições sociais, religiosas e políticas do antigo
Israel, fornecendo contexto histórico para a compreensão das narrativas
bíblicas, incluindo a história de Jó.
4.
F. F. Bruce: Bruce foi um estudioso do
Novo Testamento e historiador do cristianismo primitivo. Em obras como
"Jesus e os Manuscritos do Mar Morto" e "A Mensagem dos
Manuscritos do Mar Morto", ele investiga as origens do cristianismo e sua
relação com o judaísmo do Segundo Templo, oferecendo insights sobre como as
crenças e práticas religiosas eram vivenciadas e interpretadas no contexto do
mundo antigo.
Esses historiadores e arqueólogos oferecem uma
variedade de perspectivas sobre o contexto histórico e cultural em que foram
escritas as narrativas bíblicas, incluindo a passagem de Jó 1:6-12. Suas obras
podem fornecer insights valiosos sobre como as crenças sobre seres espirituais
e divindades eram compreendidas e interpretadas nas sociedades antigas.
[4]
Vários filósofos ao longo da história abordaram questões relacionadas ao
livre-arbítrio, ao problema do mal e à dualidade entre o bem e o mal,
oferecendo insights sobre o papel de Satanás dentro desse contexto. Aqui estão
alguns exemplos de filósofos e suas obras que poderiam contribuir para essa
análise:
1.
Agostinho de Hipona: Agostinho, em obras
como "Confissões" e "A Cidade de Deus", discute
extensivamente sobre o livre-arbítrio humano, o problema do mal e a natureza do
diabo. Ele desenvolve a ideia de que o mal é a privação do bem e explora como
as escolhas humanas podem ser influenciadas pela tentação demoníaca.
2.
Tomás de Aquino: O trabalho de Aquino,
especialmente em sua "Suma Teológica", aborda questões metafísicas
relacionadas ao livre-arbítrio e ao mal, oferecendo uma análise sistemática da
natureza do pecado e da queda do diabo. Ele argumenta sobre a existência de uma
ordem divina que inclui tanto o bem quanto o mal, e discute o papel de Satanás
nessa ordem.
3.
John Milton: Embora não seja estritamente
um filósofo, a obra de Milton, "Paraíso Perdido", é uma epopeia que
explora profundamente questões de livre-arbítrio, tentação e queda. O poema
apresenta Satanás como um personagem complexo que desafia as concepções
tradicionais do mal, fornecendo uma visão literária das questões metafísicas
relacionadas ao diabo.
4.
Arthur Schopenhauer: Schopenhauer, em
obras como "O Mundo como Vontade e Representação", oferece uma
análise filosófica do mal como uma força inerente à natureza humana e ao
universo. Ele discute como a vontade humana pode ser influenciada por impulsos
irracionais e egoístas, refletindo sobre a natureza do pecado e da tentação.
Esses filósofos e suas obras fornecem diferentes
perspectivas sobre o papel de Satanás dentro do contexto metafísico do livre-arbítrio,
do problema do mal e da dualidade entre o bem e o mal. Suas análises podem
ajudar a compreender as complexidades envolvidas na presença de Satanás entre
os filhos de Deus na narrativa bíblica de Jó
[5]
Essa interpretação da passagem de Jó 1:6-12 como uma manifestação da soberania
de Deus sobre todas as criaturas, incluindo Satanás, é comum entre muitos
teólogos tradicionais. Aqui estão alguns exemplos de teólogos e suas obras que
sustentam essa visão:
1. Orígenes:
Este teólogo cristão do período patrístico, em obras como "Contra
Celsum" e "De Principiis", enfatiza a supremacia de Deus sobre
todas as coisas, incluindo os seres espirituais. Ele defende a ideia de que
mesmo o mal é parte do plano divino e serve aos propósitos de Deus.
2. Anselmo
de Cantuária: Em suas obras, como "Proslogion" e "Cur Deus
Homo" (Por que Deus se fez homem), Anselmo discute a soberania divina e a
relação entre o bem e o mal, argumentando que Deus é a fonte suprema de todo o
ser, e que o mal, incluindo a presença de Satanás, está subordinado à vontade
divina. Ele enfatiza a necessidade de compreender o plano divino mesmo diante
das aparências do mal no mundo.
3.
Martinho Lutero: Lutero, em seus comentários sobre Jó e em outras obras, enfatiza a
doutrina da providência divina e a submissão de todas as criaturas à vontade de
Deus. Ele argumenta que mesmo o diabo está sob o controle de Deus e é usado por
ele para realizar seus propósitos.
4. João
Calvino: Nos escritos de Calvino,
como as "Institutas da Religião Cristã" e seus comentários sobre Jó,
ele explora a soberania absoluta de Deus sobre todas as coisas, incluindo o
mal. Calvino ensina que Deus governa soberanamente sobre o diabo e o utiliza
para cumprir seus desígnios divinos.
Esses teólogos, juntamente
com Agostinho e Tomás de Aquino, representam uma tradição teológica que
enfatiza a soberania de Deus sobre todas as criaturas, incluindo Satanás, e
defende a ideia de que mesmo o mal está subordinado aos propósitos divinos.