Por Jânsen Leiros Jr.
JÓ - Introdução e Comentário
De Francis I. Andersen
Pág. 8; prefácio do autor
Se a tarefa teológica de comentar livros bíblicos já é por si só desafiadora, já que falamos de textos antigos, contextos remotos, e de culturas passadas com pouco ou nenhum registro histórico-científico confiável, imagine quando tal tarefa se concentra em um livro em que as poucas fontes se tornam ainda mais escassas, ou não existem na prática. Esta é a realidade de quem se pretende a desafiar Jó.
Diante de tal circunstância, penso que o professor Francis, de quem emprestamos o texto acima, tem toda a razão ao afirmar ser uma atitude presunçosa partir para um estudo deste livro. Mas considerando que tal presunção não o impediu de enveredar-se por este caminho – e ele mesmo tornou-se uma das boas referências sobre o assunto, devo acreditar que o desafio se lhe tornou prazeroso em bem pouco tempo ao partir em sua jornada, pois o que vemos em seu comentário é um estudioso encantado com suas descobertas, muito mais do que academicamente ocupado em extrair obviedades do texto. Seria esta a parte do temor e fascínio que ele mesmo afirma sentir? Talvez, mas penso que daqui, da porta, não será possível respondermos esta questão. Então é melhor entrarmos. Você é meu convidado.
Assim, lembrando que todos os nossos registros aqui constituem uma obra aberta, posto que sustentada em convicções transitórias sempre em busca de melhores percepções, convido você a inaugurar uma jornada inquietante por este livro tão desafiador, revelador, e sobretudo transformador. Aliás, esta foi a sensação principal do próprio Jó ao sair do outro lado do túnel que atravessou; “antes... mas agora”. Porque, no final das contas, texto que apenas informa e não transforma, embrulha o peixe.